Olá leitoras e leitores! Muito bem vindas e bem vindos a este espaço de bons papos sobre política e sociedade. Alguns evitam, outros se jogam e adoram um bom debate, mas uma coisa é certa: na medida em que trocamos ideias com respeito, e nos informamos com qualidade, nos tornamos também mais conscientes de nossas ações, decisões e atuações.
Conversar sobre política é super importante, mas também difícil, já que temos que lidar constantemente com opiniões diversas, e não raro divergentes às nossas. E aqui nos deparamos com uma característica importante e fundamental à democracia: o conflito! Conflito de ideias, de opiniões, de decisões.
Muitos intelectuais que investigam a política, o poder e o Estado, teorizaram sobre a importância do conflito na garantia da democracia. Neste texto trago uma reflexão sobre democracia e pluralidade a partir de dois grandes cientistas políticos contemporâneos, Chantal Mouffe e Robert Dahl. Ambos teorizam a democracia em sua forma ideal e prática, somando muito na construção do pensamento político atual.
Conflitos são essenciais porém, o maior problema é que nem sempre todas as pessoas e todos os grupos sociais tem espaço para vocalizarem suas demandas. Nesse sentido, de forma bem idealizadora, quanto mais diversa a representatividade, maior o conflito de opiniões, e por isso, mais democracia. Atualmente temos um ingrediente que transforma o conflito necessário em conflito agressivo: o ódio e a rivalidade pelo “outro”.
Vamos imaginar uma pessoa, qualquer pessoa, genericamente classificada como de direita ou de esquerda, que em algum momento sente-se preenchida de rivalidade, raiva e a certeza de que seu lado é o “certo” em absoluto. Preenchida por um desejo de ver o “outro lado” simplesmente sumindo! Ao acreditarmos que apenas o “nosso lado” seja merecedor de vez e de voz, então a democracia já não importa mais.
A democracia, esse ideal tão buscado, só se constrói na diversidade, no diálogo, no embate que nos leva à práticas justas e igualitárias. A democracia se constrói no conflito. Uma sociedade em que o consenso é unânime, é certamente uma sociedade em que o autoritarismo venceu. A luta política deve sempre existir, o grande problema é que muitas vezes essa luta está desigual. Um lado chega de estilingue, o outro de canhão.
E é aqui que estamos, um espaço de voz para quem é estilingue diante do canhão. Mulheres, LGBTQIA+, negras e negros, crianças, idosos e idosas, deficientes, imigrantes, povos indígenas, trabalhadoras e trabalhadores, a própria natureza e os animais. A coluna Nós&Voz é um espaço que olha da perspectiva de quem está “do lado” menos representado, menos respeitados diante de suas necessidades. O sistema social, econômico e político em que vivemos não proporciona igualdade de voz e de representação, mas nos proporciona falar sobre isso. E como é importante falar!
Todas nós já ouvimos aquele ditado “política não se discute”, tão popular infelizmente, e que nos induz a perder o essencial da democracia: a possibilidade de se expressar. Essa possibilidade nunca foi total, porém os últimos anos, debater política tem sido mais difícil que o normal (se é que isso exista).
Nem sempre concordamos, e isso é maravilhoso e desafiador ao mesmo tempo. Conversar sobre política com mais embasamento técnico e menos ódio e mentiras, ainda é um sonho. Mas como disse Raul Seixas “Sonho que se sonha junto é realidade”. Então, que juntos possamos construir uma nova realidade, mais justa e igualitária.
No atual contexto, mais acirrado politicamente, em meio a uma pandemia, com um governo que se recusa a resolvê-la, falar de política com seriedade e empirismo é absolutamente fundamental. Conhecer nossa história, o sistema em que vivemos, o papel do Estado, e tudo que diz respeito a esfera política, pode fazer diferença na hora de se posicionar, de votar, de fazer campanha, de se organizar, de protestar, enfim de agir coletivamente.
Por isso te convido a acompanhar essa coluna, e também participar com sua voz e opinião. Este será nosso espaço, de encontro mensal, para conversarmos sobre temas diversos que percorrem o Estado e a Sociedade Civil. E por mais que nem sempre nossas opiniões sejam iguais, podemos brindar nossa diversidade, e ajustar nossas posições se necessário. Um abraço fraterno, te espero aqui!
Muito bacana! Obrigada pelo convite, vou acompanhar!