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Imagine frequentar uma escola em que não há pia, sabão, papel higiênico ou muito menos banheiro. Essa realidade pode parecer distante, mas está presente na vida de quase 200 mil estudantes brasileiras entre 10 e 19 anos, que estão totalmente privadas dessas condições mínimas de higiene. Além disso, mais de 4 milhões de meninas dessa mesma faixa etária estudam em instituições com privação de pelo menos um desses itens citados. 

Esses são dados do relatório “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, publicado em maio deste ano pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que explicitam a necessidade de se discutir a pobreza menstrual, a dignidade humana e o cuidado com a menstruação como forma de desenvolvimento para a educação, trabalho e humanidade. 

A pobreza menstrual não diz respeito apenas à falta de acesso a questões diretamente ligadas à higiene do corpo, mas também à “saneamento básico […], coleta de lixo, […] serviços médicos, insuficiência […] nas informações sobre saúde menstrual e autoconhecimento sobre o corpo […], tabus e preconceitos sobre a menstruação […] e […] efeitos deletérios da pobreza menstrual sobre a vida econômica e desenvolvimento pleno dos potenciais das pessoas que menstruam”, como informa o relatório.

A terapeuta em gine-ecologia natural Larissa Agostini vai mais além dessa definição e nos lembra que “a pobreza menstrual é uma questão de saúde pública e é violação de direitos humanos das pessoas com útero, pois seus direitos intrínsecos à dignidade humana são violados.” 

Para confirmar que a impossibilidade de administrar a menstruação de forma digna prejudica o desenvolvimento humano, basta olhar para a campanha #MeninaAjudaMenina, da Always, que mostrou que uma a cada quatro mulheres já faltou à aula por não poder comprar absorventes. 45% delas também disseram que essa ausência impactou negativamente no rendimento escolar. Esses dados foram conseguidos por meio de uma pesquisa online, em parceria com a Toluna, que abrangeu 1.124 meninas, de todos os estados brasileiros, com idade entre 16 e 29 anos. 

Para Carolina Chiarello e Talita Soares, fundadoras do projeto social Tô de Chico (@eutodechico), que recolhe e faz doações de absorventes para pessoas em situação de rua, a pobreza menstrual compromete o ciclo escolar das mulheres e pessoas que menstruam como um todo. “O ensino escolar é baseado em um ano inteiro com foco no desenvolvimento dos estudantes. Quando a pessoa falta um mês ou mais de aula por não ter acesso à itens de higiene básica ou ao saneamento básico, esse desenvolvimento é interrompido.” 

Elas explicam também como a pobreza menstrual pode afetar as pessoas no mercado de trabalho. “Elas podem perder oportunidades de emprego. Sentem-se envergonhadas de sair em público com o risco de se ‘sujar’ com a menstruação.”

DIGNIDADE ÍNTIMA NAS ESCOLAS: SERÁ SUFICIENTE?

Falta de acesso a produtos de higiene íntima afeta educação de meninas e mulheres.
Uma a cada quatro mulheres já faltou aula por não poder comprar absorventes.

Como forma de minimizar os efeitos da pobreza menstrual, em junho deste ano, o Governo do Estado de São Paulo estabeleceu o programa Dignidade Íntima nas Escolas, que visa garantir acesso gratuito à absorventes para estudantes da rede estadual. 

Os recursos para tal virão do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE-SP), estabelecido pela Lei N°17.149/2019 e está estimado um investimento de mais de R$30 milhões. O atendimento é prioritário aos mais vulneráveis e pretende-se alcançar mais de 5 mil escolas, atingindo 1,3 milhão de estudantes entre 10 e 18 anos. 

O valor dos recursos repassados para as Associações de Pais e Mestres (APM), constituídas por responsáveis, alunos, professores e sócios para ajudar as escolas,  será calculado com base na quantidade de estudantes do sexo feminino na faixa etária citada que estejam registradas no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal, na faixa da pobreza e da pobreza extrema. Há, ainda, um valor per capita por estudante, fixado em, no mínimo, R$5 (em São Paulo um pacote de absorventes com oito unidades custa, em média, R$2,65). 

Embora as informações disponibilizadas pelo Governo do Estado de São Paulo digam que os produtos de higiene poderão ser destinados a todos os estudantes de cada unidade escolar (depois de dada a prioridade), não fica elucidado se pessoas trans e não binárias foram contempladas no cálculo inicial. Contudo, quando questionado pelo portal UOL, no lançamento do programa, o secretário da educação Rossieli Soares afirmou que “todos que precisarem serão atendidos”. 

Além dos itens de higiene, as ações do programa, segundo cartilha, também procuram distribuir material informativo sobre o assunto e construir uma rede de apoio nas escolas, por meio de canais de comunicação seguros que garantam a privacidade das pessoas beneficiadas. 

Espera-se, ainda, mobilização dos grêmios estudantis para apoiar essa implementação e ajudar na formação de estudantes. A Procter & Gamble Brasil (P&G), corporação multinacional americana de bens de consumo e responsável pela marca de absorventes Always, aderiu à causa e doou, ainda em junho, mais de 2 milhões de absorventes para o programa. 

Carolina e Talita dizem que o Programa representa uma enorme conquista, mas é só o começo. “É dever do Estado cuidar das nossas crianças dentro das escolas e prover a elas todo o necessário para que o desenvolvimento seja o melhor possível, então precisamos que essa pauta seja ouvida. Que nossos governantes tomem ações alinhados com profissionais da saúde para encontrar a melhor solução, pois só fornecer absorventes não é erradicar a pobreza menstrual. Ela também está na falta de acesso a saneamento básico e água potável, falta de acesso a medicamentos para cólicas e dores de cabeça, falta de acesso a roupas íntimas, falta de acesso a informação de como deve ser utilizado um absorvente”, comentam.

“Por ora, temos algumas iniciativas que vão ajudar na minimização dessa pobreza: distribuição de absorventes em escolas e postos de saúde, fim ou redução da taxação de impostos nos produtos de higiene menstrual para que eles se tornem mais acessíveis à população de baixa renda e apoio das grandes marcas a ONGs e Projetos Sociais que lutam contra a pobreza menstrual”, completam.  

Finalmente, Larissa lembra também que, este ano, o Rio de Janeiro incluiu o absorvente como item de cesta básica, “mas isso não acontece em todos os estados e é preciso avançar nessa pauta”, explica.

ABSORVENTE AINDA É ARTIGO DE LUXO PARA MUITA GENTE 

A luta de projetos sociais e ONGs que buscam acabar com a pobreza menstrual, assim como as ações governamentais não é, de maneira nenhuma, mero capricho, afinal, é estimado que uma mulher gaste entre R$3 mil e R$8 mil ao longo da sua vida com absorventes, segundo dados do relatório Livre Para Menstruar, realizado pelas organizações Girl Up e Herself. 

O que talvez pareça um valor aceitável para alguns, para os 5% mais pobres do Brasil, significa ter que trabalhar durante quatro anos só para custear o uso deste produto, já que a renda dessa parcela da população é de R$1.920, de acordo com dados da PNAD Contínua (IBGE 2020), também citados no relatório. 

EDUCAÇÃO MENSTRUAL E AUTOCONHECIMENTO NO COMBATE À ESTIGMATIZAÇÃO DA MENSTRUAÇÃO

A falta de conhecimento da sociedade e das próprias mulheres sobre menstruação gera tabus ao redor do tema.
A falta de conhecimento da sociedade e das próprias mulheres sobre menstruação gera tabus ao redor do tema.

Apesar da pobreza menstrual afetar diretamente as pessoas em situação de vulnerabilidade, para Larissa é “fundamental termos conhecimento de que a pobreza menstrual atinge toda a sociedade.  A saúde menstrual impacta no desenvolvimento profissional, educacional, na vida social, na produtividade, saúde mental, autoestima e no protagonismo de meninas e mulheres pelo mundo.” 

Larissa produz conteúdo para a internet e conta que uma das principais dificuldades das pessoas que interagem em suas publicações no Instagram (@lariagostini_) é a falta de informação básica sobre menstruação. 

“Recebo, diariamente, perguntas muito elementares e não é somente de pessoas sem instrução. Mulheres de todas as classes sociais e diversos graus de escolaridade não sabem porque menstruam ou como esse processo acontece no corpo delas. A educação em saúde da mulher é urgente e a falta dela favorece a disseminação de informações erradas, tabus e mentiras acerca do corpo feminino. Isso tem impacto direto na desigualdade de gênero e na qualidade de vida de quem menstrua”, explica.

De acordo com a terapeuta, “só vamos combater a estigmatização da menstruação quando as mulheres conhecerem seus corpos e seus direitos. O silêncio em torno do tema favorece a invisibilidade dele e, na minha opinião, a base para a solução está constituída em três pilares: falar abertamente sobre menstruação, educação menstrual e políticas públicas”, opina.

A biomédica e terapeuta de ginecologia natural Anna Caroline Gogola Müller vai de encontro com o que diz Larissa e acredita que “a educação menstrual no Brasil é praticamente inexistente. Aprendemos os nomes dos hormônios e o ciclo de forma extremamente superficial e vejo os reflexos disso diariamente. O desconhecimento sobre a nossa fisiologia, sobre o que é natural e saudável, o que não é e sobre como nos auto examinarmos diariamente para analisarmos como está nossa saúde genital causa todo tipo de problema, desde visitas desnecessárias ao médico, superlotando os sistemas de saúde, até a ocorrência de uma gravidez indesejada.”

Segundo Anna, “o buraco é muito mais embaixo quando pensamos que não sabemos nada sobre como as oscilações hormonais que vivemos todos os meses influenciam nossa rotina ou que até mesmo nosso aprendizado pode ser facilitado ou dificultado de acordo com nossa fase interna. Estamos ‘no escuro’ sobre como nós mesmas funcionamos, e precisamos resolver isso para ontem”, diz.

A IMPORTÂNCIA DAS REDES PARA DISSEMINAR CONTEÚDOS SOBRE MENSTRUAÇÃO

De acordo com Anna, há um grande “trunfo” que ajuda quem está buscando informações sobre menstruação e ciclos menstruais no geral e que é acessível à parte da população: as redes sociais. “No Instagram, Facebook, YouTube e até mesmo no TikTok é possível encontrar diversos perfis dedicados a expandir esse conhecimento. Eu acredito que essas sejam as melhores fontes primárias”, diz. 

A assistente social Maria Derli de Oliveira Morais é um ótimo exemplo disso, pois utiliza a internet para buscar informações sobre o ciclo menstrual e o corpo feminino. Ela participa de um grupo no Facebook chamado Papo Calcinha, que atualmente conta com mais de 32 mil pessoas, e é um espaço aberto para que mulheres possam falar sobre sexualidade e assuntos relacionados.

Derli conta que, como tentativa de “contribuir com o meio ambiente e economizar, parando de comprar absorventes”, tentou usar coletor, mas não se adaptou. “Eu não consegui colocar ou tirar sem me sujar e ia saindo enquanto eu andava. Não me sinto segura e tenho medo de vazamento”, conta. Atualmente, Derli usa absorventes comuns ou internos. 

Na mão contrária está a autônoma Sarah Fernandes Laurindo, que desde nova utilizava absorventes comuns, mas percebeu que tinha alergia a eles e também a calcinhas absorventes. Então, passou a usar absorventes internos e agora está pensando em testar o coletor. “Ele é super higiênico, ando lendo bastante e parece ser uma opção para mim.” 

LIMPANDO A MANCHA DO TABU EM CIMA DA FERTILIDADE MENSTRUAL

A psicóloga Izabela Vicente de Oliveira, comenta sobre a tentativa de tornar a menstruação mais confortável. “Ela é um momento desconfortável fisicamente, porque pode dar cólicas, você fica sangrando e o coletor, por exemplo, se você não colocou direito, vaza. Se você usa absorventes descartáveis, fica um cheiro que não é cheio de sangue, é diferente. Mas, ao mesmo tempo, esses incômodos fazem parte da gente e merecem lugar, além de que há muita vitalidade no que a gente rejeita”.

Para ela, somente agora a menstruação está deixando de ser tabu. “Eu e minhas amigas não falávamos ‘menstruação’, falávamos ‘eu tô de chico’ e tinha que ser bem baixinho ainda, para que ninguém ouvisse, porque era vergonhoso. Sinto que a menstruação ocupou um lugar de exílio na nossa mente, no nosso corpo; um lugar de incômodo. Acho que fazer as pazes com ela é perceber o valor naquilo que é incômodo, naquilo que mexe, naquilo que traz à tona as minhas sombras e que eu preciso lidar. É sair de uma consciência patriarcal, linear e se perceber como algo mais circular, que se desenvolve, sim, mas de uma maneira diferente. E valorizar essa forma”, explica. 

MENSTRUAÇÃO, UM CICLO CRIATIVO

Existe uma correlação entre o ciclo menstrual e o movimento psíquico de cada pessoa que menstrua.
Existe uma correlação entre o ciclo menstrual e o movimento psíquico de cada pessoa que menstrua.

Izabela relaciona o ciclo menstrual com um ciclo criativo. “Primeiro, temos uma limpeza do útero pela menstruação; depois, ele começa a se preparar para receber um óvulo; quando o recebe, de fato, na ovulação, se houver uma fecundação, se encaminha para uma gravidez. Ou, então, quando não há fecundação, o útero começa a se preparar para descamar e chega a próxima menstruação. Aqui, neste ciclo que dura em média 28 dias, acontece um movimento no útero, uma possibilidade de vida a ser gerada; é um processo de criação”, explica. 

Ela complementa dizendo que há uma correlação entre todo esse movimento do útero e o movimento psíquico de cada pessoa que menstrua. “Existe um estímulo para que fiquemos muito mais nas nossas cabeças, como seres pensantes que têm estratégias, do que no corpo inteiro. Então a gente costuma fazer uma dissociação, mas quando percebemos o ciclo menstrual como atuante na nossa disposição, no apetite, nas nossas respostas para o mundo externo, na nossa necessidade de recolhimento, isso vira uma relação um pouco mais cooperativa”, afirma.  

A psicóloga também dá dicas para quem está buscando se autoconhecer a partir da menstruação e vê o acontecimento como uma morte simbólica. “O que morre em mim neste mês?”, ela incentiva o questionamento, “olhar simbolicamente para todo o ciclo é muito psicológico, é uma ferramenta e tanto para o autoconhecimento. ‘Menstruei, então deixa eu ver o que aconteceu comigo esse mês; deixa eu ver o que eu não quero mais; qual foi a minha pior situação esse mês? Qual foi a melhor?’”, estimula ela. 

Além disso, ela sugere a existência de um diário que ajude no processo de se perceber. “Não com o compromisso de escrever todos os dias, mas para que exista esse local de registro sobre como você estava se sentindo e em que momento aconteceu, qual era o dia do ciclo menstrual em que você estava se sentindo daquela forma, porque isso favorece a auto-observação e a relação com o corpo.” 

A última sugestão de Izabela é observar os próprios sonhos. “O que sonhei essa noite, o que eu consigo entender desse sonho, que sensação ele me traz. Esse é um contato para o desconhecido em nós, para o que não está consciente. E esse é um processo muito parecido com a menstruação”, diz. 

COMO FICA A MENSTRUAÇÃO E O TRABALHO?

Desde que fez laqueadura, a técnica em enfermagem Rosimar Mariani tem lidado com o aumento do fluxo menstrual, cólicas e com a dor de cabeça como “um aviso de que a menstruação está por vir”, mas que permanece até o fim. Além disso, “o corpo fica todo inchado e o humor é horrível.”

Apesar de não ter vergonha ou dificuldade para falar sobre o assunto, ela já teve, algumas vezes, que parar o expediente para tomar banho. “Eu trabalho 12 horas em home care [assistência médica familiar] e 12 horas no hospital. Às vezes, vou logo falando que preciso tomar um banho. No hospital é um pouco mais difícil, mais corrido e tem mais gente, mas algumas vezes já tive que parar e correr para o chuveiro, porque do nada vem um fluxo intenso e tenho que largar tudo para banhar”, descreve. 

A psicóloga Izabela explica que “não tem muito como mudar e impor folgas quando a gente sente que é necessário”, até porque não é “algo que seja muito permitido, produtivamente falando. Como vou falar para o meu chefe ou para os meus funcionários que hoje eu estou para ficar menstruada, então quero ficar mais na minha? Ou, então, que hoje eu estou menstruada mesmo e estou com muita dor e não quero trabalhar?”. Segundo ela, “é muito mais interessante economicamente e, em certa medida, socialmente, suspender todo esse ciclo do que respeitar cada uma das etapas dele.” 

Ela acredita que “talvez esse movimento precise começar num micro, na mulher consigo mesma [como faz Rosimar, indo tomar banho quando necessário] e, depois, na mulher com a companhia, com os amigos, pensando na dimensão dos homens que não passam por esse ciclo, mas que podem compreendê-lo. Se a própria mulher tem dificuldade de lidar com a menstruação, imagina uma organização extremamente hierárquica e linear”, opina.

MENSTRUAR É SAUDÁVEL

Precisamos aceitar a menstruação como algo natural.
Precisamos aceitar a menstruação como algo natural.

Principalmente no processo de autoconhecimento e de aceitação da menstruação como algo natural, é importante “ter paciência consigo e acolher os movimentos do corpo”, diz Izabela.

“Esse é um caminho um pouco duro, porque tem mulheres que sentem muitas dores, mas também não é normal senti-las, então se for necessário, precisa fazer acompanhamento profissional. Eu sinto que quando a gente aceita, fica mais inteira e ocorre um movimento de sabedoria do corpo, porque menstruar é saudável.

Quando questionada sobre auxílios externos para ajudar no processo, Izabela diz que “é legal buscar acolhimento com pessoas que falem a nossa língua: grupos de mulheres que se apoiam com métodos contraceptivos que não são hormonais, que falem sobre o manejo do ciclo menstrual, grupos no Whatsapp de partilha de informações, círculos de mulheres para compartilhar as dores e delícias da menstruação, e assim vai.” 

“Também precisamos lembrar como foi recebida a nossa menstruação no mundo. Eu já ouvi relatos diversos, tanto de ‘se prepara, porque vai ser isso todo mês e é doído, hein’, quanto de uma certa comemoração: ‘você ficou mocinha, que bom, seu útero está funcionando, a vida começa diferente para você’ ou então ‘mudanças vão acontecer no seu corpo, vem aqui que eu vou te explicar’ e até indiferenças. Isso também é importante para mostrar como a gente vai lidar depois com a nossa própria menstruação”, explica. 

Ela considera importante ser gentil e ter recepção com pessoas que estão menstruando pela primeira vez ou ainda não menstruaram. “Ser aberta para dúvidas e acolher essa pessoa que está com medo do que vai acontecer no corpo e na vida. Quando nós, mulheres adultas, começamos a tratar nossa menstruação com mais naturalidade e a, por exemplo, tirar o copinho [do coletor menstrual] na frente da filha, lavar o absorvente na frente do filho, ferver o copinho ali com as pessoas da casa olhando, vai surgir a dúvida e a criança vai perguntar.

“Por exemplo, se ela ver sangue no lixo do banheiro, muitas vezes a resposta pode ser ‘alguém se machucou’ e não, não foi isso. Diga ‘a fulana está menstruada, é o que acontece com a mulher’, e explique isso. Se a gente naturaliza a menstruação das pessoas que hoje são adultas, isso é absorvido dessa forma pelas crianças. É um trabalho de cada pessoa que menstrua se apropriar disso e ter uma relação diferente com esse processo”, finaliza.

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